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Ajude a manter o Lar Santa Maria da Paz!

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Por conta da pandemia, as doações que mantém os serviços essenciais do Lar Santa Maria da Paz estão a cada dia mais escassas. O Lar está precisando da sua ajuda.
Para doações:
Banco do Brasil: Agência: 2723 5
Conta Corrente: 300-X
Banco Caixa: Agência: 1795
Conta Corrente: 1946-2 Operação: 01
Associação Casa Irmã Dulce CNPJ: 07.590.356 0001/71

De repente tudo virou silêncio, monotonia, na rotina de cada dia, com tanta gente por perto, me pego com o olhar perdido vagando num deserto. Há dentro de mim paraísos e infernos, as flores da primavera, e a melancolia dos invernos. Como é frágil esta vida, e quando perto da despedida, a gente volta ao começo, e a cada tropeço, fica mais difícil levantar, e antes da dignidade partir, a gente começa a calar. Diante da fragilidade humana, quando a utilidade abandona, a gente termina abandonado. Velho, é aquilo que já não tem serventia, e o amor, em sua rebeldia, vai deixando a gente de lado. A sociedade classifica, padroniza, o jovem se eterniza, e o velho sofre de preconceito velado. As pessoas vivem como se não fossem morrer, olham para o velho com desdém, como se ninguém fosse envelhecer. É desumano a indiferença, é como uma sentença a terminar a vida, existindo sem viver. Sei que preciso seguir até o fim, caminhando na corda oscilante do destino, com a leveza e a graça de um menino, os conflitos de um adolescente, e o coração de um jovem sonhador. Um dia a gente começa a entender que apesar de tanta dor, vale a pena viver, por cada momento de amor. Gratidão é acordar a cada amanhecer com uma canção de louvor. E assim, vou caminhando neste meu viver solitário e calado. À procura de lembranças nos caminhos do passado. Aqui aonde os dias são sempre iguais, e a solidão nunca termina. Preso às minhas memórias, vou cumprindo a minha sina. As vezes quando olho lá fora, o meu coração chora, mortalmente ferido. Vejo uma geração doente, vagando sem rumo pelos caminhos de um mundo perdido. Vejo um cãozinho abandonado vagando pelas ruas da cidade, a triste realidade de um solitário ambulante. Foi deixado pelo dono, coisa pouca pra quem joga ao abandono, o seu próprio semelhante. Vejo gente dormindo no chão, sem teto e sem pão. Famílias se desintegrando, asilos se multiplicando, jovens tirando a própria vida sem nenhuma razão. Quando cheguei era tudo tão lindo, logo estarei partindo, deixando o mudo à beira da destruição. Mas ainda vejo flores, passarinhos e a esperança, brilhando nos olhos de cada criança. Vejo o arco íris em todo o seu esplendor, como uma aliança de luz e amor. Vejo o amor de Jesus no coração de cada ser humano, vivendo no engano de uma vida alheia ao perdão, à empatia, à compaixão. Mas é preciso um pouco de compreensão, somos seres em evolução, crianças cometendo erros infantis. Neste mundo ninguém é perfeito, e cada um, do seu jeito, está tentando ser feliz. Agora, com os olhos cansados, vejo tudo com mais clareza, como se estivesse no alto de um cume. Somos filhos da incerteza, e a vida… é como o lampejo de um vaga lume.
Autor: Professor Augusto Flávio Porto da Veiga.