A promessa de Deus é que todos “tenham vida em abundância” (Jo 10, 10). A vida em abundância contrapõe-se à vida
em escassez, sem direitos, sem perspectivas. A abundância está totalmente interligada com o projeto de Deus que é de amor, graça e gratuidade, de vida em plenitude, que garante a dignidade da pessoa humana, de forma que ela possa seguir os desígnios do Senhor.
A vida em fraternidade combate a escassez e cuida para que todos tenham vida em abundância. As primeiras comunidades cristãs são um retrato da vida em fraternidade: “e não haviam necessitados entre eles” (At 4, 34).
A sociedade baseada no consumo, numa perspectiva capitalista de acumulação, pode distanciar as pessoas dos
valores evangélicos, levando a uma concepção de acumulação e desperdício no lugar da abundância, que não representa uma vida fraterna e de cuidado com o próximo e com a casa comum.
A Campanha da Fraternidade de 2023 (Fraternidade e Fome) convida a olhar para a necessidade de cada pessoa. Pede-se que onde a política agrícola não esteja a serviço do sistema econômico financeiro. No seu texto-base ressalta que a “vilã da ecologia integral que zela por todos na Casa Comum é a cultura do descarte e do desperdício. E esta cultura está em nós. Precisamos, com responsabilidade, livrar-nos dela, assumindo um consumo consciente do que realmente é necessário, sem descarte ou desperdício. Aquilo que descartamos ou desperdiçamos, precisamente, é o que falta à mesa dos famintos e miseráveis”.