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Artigo: Os gritos da independência – Por Fernando Anísio Batista

Artigo: Os gritos da independência – Por Fernando Anísio Batista

Um grito proclamou a independência do Brasil e o país deixou de ser colônia de Portugal em 1822. Neste ano, quando comemora-se os 200 anos de independência, há muitos gritos calados, de muitos brasileiros que buscam diariamente sua independência. Mas quais gritos são esses?

O grito do trabalhador sem emprego, do camponês sem terra, da família sem teto. O grito da criança sem escola, do jovem sem perspectiva de futuro, da mulher ameaçada, da periferia esquecida pelo poder público. Os gritos de vida dos indígenas contra grileiros e garimpeiros ilegais que invadem suas terras. Os gritos dos idosos esquecidos que necessitam de atenção e cuidado. O grito da mãe natureza, nossa casa comum, que não suporta tanta destruição. O grito pelo fortalecimento da democracia e por eleições limpas.

São tantos gritos, muitos gemidos, por vezes, de pessoas que não conseguem expressar sua dor. Como dar voz a esses gritos?

O Papa Francisco nos orienta a ir ao encontro desses gritos, que sem dúvidas trará muitas respostas para nossa existência, pois trata-se de um encontro pessoal com Cristo: “encontrar os pobres permite acabar com tantas ansiedades e medos inconsistentes, para atacar àquilo que verdadeiramente importa na vida e que ninguém nos pode roubar: o amor verdadeiro e gratuito. Na realidade, os pobres, antes de ser objetivo da nossa esmola. São sujeitos que ajudam a libertar-nos das armadilhas da inquietação e da superficialidade”.

 O voto representa uma ferramenta extraordinária de dar voz aos que não têm, de escolher candidatos comprometidos com a vida e com o sofrimento do povo. Que possamos escutar os gritos dos que mais sofrem na hora de votar.

Artigo publicado na edição de setembro do Jornal da Arquidiocese página 5.