A Ação Social Arquidiocesana (ASA), com sede na cidade de Florianópolis, estatutariamente define-se como uma entidade da sociedade civil, sem fins lucrativos e entidade beneficente de Assistência Social.
Fundada em 1960 atua prioritariamente nos municípios que compõem a Arquidiocese de Florianópolis e em colaboração com outras entidades congêneres, Rede Cáritas, Pastorais Sociais e movimentos sociais populares; estende sua prática social ao Estado de Santa Catarina.
Com base no seu estatuto e principalmente, com base na sua experiência histórica, a ASA constrói sua identidade e seu sentido social procurando sempre contribuir nos processos de transformação e desenvolvimento da sociedade com base em parâmetros éticos que conduzam à defesa da vida plena para todos, à vivência da justiça e da solidariedade fraterna.
Como Entidade-Membro da Cáritas Brasileira a ASA procura desenvolver suas ações em consonância com a entidade, assumindo sua missão, diretrizes e prioridades de ação. Ao longo de sua trajetória a ASA contribuiu com inúmeras iniciativas de organização e fortalecimento da sociedade, seja por meios dos espaços institucionalizados de controle social ou por ações localizadas de caráter popular.
Nesses mais de 50 anos de caminhada a ASA veio construindo a sua história de maneira muito diversa, ora junto aos movimentos sociais e comunidades empobrecidas e ora fortalecendo as ações internas com as pastorais sociais, CEBs e o conjunto da Igreja.
A ASA sempre esteve atenta aos gritos e clamores da sociedade, buscando responder a essas questões de maneira eficaz e ética a partir de suas possibilidades e compreensões. Mas o que de fato é de nossa responsabilidade? Qual a missão social da Igreja? Que potencialidades a Igreja possui que podem contribuir com a transformação da sociedade? No processo de acompanhamento às Ações Sociais a ASA sempre procurou responder, ou pelo menos compreender melhor, a sua presença na sociedade, e das Ações Sociais.
A Igreja por meio das Ações Sociais e Pastorais Sociais vem atuando de maneira significativa no campo social, em muitas situações enquanto denunciadora da miséria e da injustiça, pelo fato mesmo de se constituírem com o objetivo de socorrer as vítimas dessa situação como também de possibilitarem, sobretudo respostas imediatas às demandas sociais.
No entanto, este trabalho ainda não é devidamente valorizado e sua articulação com o conjunto da pastoral orgânica é frágil. As práticas assistencialistas e clientelistas ainda são comuns em algumas Ações Sociais, o que contribuem com a tutela e a manutenção da pobreza, reforçando assim a exclusão social.
Por outro lado temos algumas iniciativas sociais que percebem a necessidade de mudanças e compreendem a dimensão social da Igreja e a sua responsabilidade de sociedade civil na promoção e defesa dos direitos.
A ASA através dessa Política de Formação deseja explicitar a sua concepção de formação, a partir dos acúmulos e experiências da Rede Cáritas Brasileira. As opções tomadas aqui são resultados de discussões e debates, reuniões, encontros e seminários, das quais foram sistematizados e ora apresentados.
Para transformar a realidade atual é preciso conhecê-la a fundo, identificar os mecanismos geradores da exclusão e do aprofundamento da desigualdade e propor ações palpáveis com vistas a inclusão da população.
Por estas razões é que um dos maiores desafios do momento está em equacionar o “como fazer” ações inovadoras que atendam a necessidade da maioria. E é condição necessária para se atingir esse novo estágio da luta social que saibamos produzir diagnósticos que deem conta de interpretar a realidade atual em cada campo concreto de nossa intervenção e as nossas possibilidades efetivas de mudança dessa realidade.
Desta perspectiva torna-se cada vez mais importante a sistematização, a análise, o debate e a divulgação das experiências inovadoras que apontam os caminhos da mudança social. Adquirir a capacidade de produzir diagnósticos e de elaborar propostas concretas e inovadoras exige uma profunda mudança cultural da parte dos sujeitos sociais comprometidos com a construção de uma sociedade justa e democrática.
A ASA em sua Carta de Princípios encaminha sua prática assentada em determinadas orientações filosóficas e pedagógicas, das quais serão elementos fundamentais na Política de Formação:
A ASA em comunhão com a Cáritas Brasileira opta por uma Política de Formação que atinja todos os sujeitos envolvidos no processo de animação e fortalecimento da Rede de Ações Sociais: voluntários/as, dirigentes e associados/as.
Para isso, anseia por uma formação que fortaleça a mística e a dimensão metodológica, que desenvolva a capacidade de assumir uma postura cidadã crítica, criativa, autônoma e corresponsável capaz de criar e/ou fortalecer processos solidários.
Preparar agentes gestores para o trabalho em equipe que tenham capacidade de elaborar, coordenar, monitorar, avaliar e sistematizar projetos coletivos estruturantes como resposta aos desafios gerados pela desigualdade social.
Como resultado do processo de formação a ASA aposta numa mudança estrutural das práticas assistencialistas que oprime, domina e fragmenta as ações para uma prática libertadora promotora da dignidade, que fortalece o protagonismo e as ações em rede.
A Cáritas Brasileira traça algumas ações estratégias, que serão assumidas pelo conjunto da Rede ASA e Pastorais Sociais para o fortalecimento de suas ações no campo da formação.
Consiste numa etapa inicial para a formação de agentes de pastoral social e Ação Social Paroquial. Está voltada para aquelas pessoas que atuam diretamente nas comunidades com a dimensão social.
Os conteúdos ministrados nessa etapa de formação são em caráter introdutório, o que favorece aos agentes de pastoral social e voluntários das Ações Sociais maior nível de conhecimento e compreensão sobre o papel social da Igreja, das pastorais sociais e Ações Sociais assim como percebem o seu papel transformador nas diversas realidades sociais.
Público: novos agentes de pastoral social e Ação Social Paroquial
Temas para estudo:
a) Contexto histórico da dimensão social na Igreja da América Latina Brasil e Arquidiocese de Florianópolis;
b) Doutrina Social da Igreja – compromissos sociais, éticos e eclesiais da Igreja junto aos excluídos;
c) Perfil e Identidade do Agente e Voluntário das Ações Sociais;
d) Mística e Espiritualidade: prática social libertadora x prática social assistencialista;
e) Análise de Conjuntura: percepções da realidade que nos cerca mbito: Forâneo e/ou Paroquial
Após ter concluído a etapa anterior introdutória, os agentes e voluntários passam a ter formações temáticas, das quais os conteúdos deverão contribuir qualitativamente com as ações locais.
É importante ter claro que, toda a Política de Formação, tem como perspectiva o aprimoramento das iniciativas já em andamento e das novas que surgirão.
Em virtude disso essa fase de formação requer dos agentes e voluntários, maior sensibilidade com o debate social e que já obtenham experiências comunitárias, fato esse que contribuirá com o enriquecimento das reflexões e encaminhamentos posteriores.
Público: Agentes e voluntários que já tenham atuação comunitária.
Temas para estudo:
a) Desenvolvimento Solidário e Sustentável; Gestão de Risco e Desastre;
b) Economia Popular Solidária;
c) Campanhas da Fraternidade; Fundos Solidários;
d) Territórios; Redes; Mobilização Social;
e) Controle Social; Participação Popular e Democracia;
f) Direitos Humanos; Políticas Públicas. Âmbito: Forâneo e/ou Arquidiocesano
Essa formação é voltada principalmente para aquelas lideranças que desempenham o papel de gestores ou coordenadores {,} pois aborda questões referentes ao gerenciamento técnico , financeiro e funcionamento dos trabalhos sociais. Tem como proposta subsidiar os gestores e coordenadores oferecendo formação política, técnica e metodologia.
Público: Membros das Diretorias da s Ações Sociais e Equipes de Coordenações das Pastorais Sociais.
Temas para estudo:
a) Gestão compartilhada;
b) Ferramentas de administração financeira e contábil;
c) PMAS: Planejamento, Monitoramento, Avaliação e Sistematização dos projetos;
d) Mobilização de recursos;
e) Legislação;
f) Redes e Pastoral de Conjunto âmbito: Arquidiocesano
É importante que o coletivo das Pastorais Sociais e Rede de Ações Sociais possam dispor de pessoas que tenham aptidões para o serviço de assessoria e consultoria. Para isso é necessário que os assessores coloquem em comum suas potencialidades, mas, sobretudo construam coletivamente as linhas de formação em sintonia com os princípios e valores da ASA, garantindo assim possibilidades de fortalecimento da dimensão social no espaço da Arquidiocese de Florianópolis.
Público: pessoas que atuam com assessoria
Temas para estudo:
a) História Social do Brasil: Democracia, Mobilização Social e Participação Popular;
b) Desenvolvimento Solidário e Sustentável;
c) Territórios;
d) Educação Popular;
e) Análise de Conjuntura (Como fazer);
f) Metodologia de Pesquisa;
g) Documentos da Igreja; Pastoral de Conjunto Âmbito: Arquidiocesano
A Ação Social Arquidiocesana é uma associação civil, sem fins lucrativos e econômicos, serviço da Arquidiocese de Florianópolis, filiada a Cáritas Brasileira. Desenvolve sua atuação nos trinta municípios que formam a Arquidiocese de Florianópolis.