Fonte: CNBB
O Setor Campanhas da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) realiza de 27 a 29 de setembro, de forma on-line, o Seminário Nacional da Campanha da Fraternidade 2023, cujo tema é “Fraternidade e Fome” e o lema “Dai-lhes vós mesmos de comer!” (Mt 14,16).
Nas três noites será oferecida uma reflexão sobre a temática da fome sob as óticas dos dados atualizados sobre a realidade, à luz da fé e da doutrina da Igreja e na perspectiva da ação pastoral para o enfrentamento do problema. O tema da fome será abordado pela terceira vez pela Igreja no Brasil em uma Campanha da Fraternidade. De acordo com o assessor de campanhas da CNBB, o padre Jean Paul Hansen, a formação vai contar com a colaboração de especialistas no assunto, bispos, presbíteros e assessores da CNBB.
“Na primeira noite, vamos VER a realidade da fome em nosso país e o muito que já se faz no seu combate. Na segunda, vamos ILUMINAR com a luz do Evangelho e do Magistério Eclesial este dura realidade. E, na terceira noite, refletiremos sobre como devemos AGIR para livrar a multidão de irmãos e irmãs que sofrem o flagelo da fome, cumprindo o mandato de Jesus, que é o lema da CF-2023: “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16)”, disse padre Jean Paul.
Formação de multiplicadores
A atividade tem como objetivo de preparar lideranças regionais, diocesanas, paroquiais e comunitárias para desenvolver a Campanha da Fraternidade 2023 em suas realidades concretas, através de uma reflexão fundamentada na realidade e na Palavra de Deus, em vista da ação eclesial sociotransfomadora.
“O Seminário Nacional da CF é importante porque lança para as bases da Igreja no Brasil a temática, a reflexão e o material preparado para a Campanha da Fraternidade do ano seguinte, a fim de que o trabalho já comece a ser realizado nos regionais, nas dioceses, paróquias e comunidades, como preparação remota para a CF, que se intensificará na quaresma de 2023”, disse padre Jean.
A fome no Brasil
O Brasil voltou ao Mapa da Fome, ou seja, mais de 60 milhões de brasileiros e brasileiras vivem sem ter o que comer não ou tem certeza se conseguirá comida ou precisa reduzir a qualidade e/ou quantidade dos alimentos. Esse diagnóstico está no relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) divulgado em julho deste ano.
O levantamento mostra que quase 30% da população brasileira vive insegurança alimentar moderada ou grave no país. Os dados são do período de 2019 a 2021. O novo relatório mostra um forte agravamento da situação no Brasil. Entre 2014 e 2016, esse contingente era de 37,5 milhões de pessoas com insegurança alimentar, dentre elas 3,9 milhões em condição grave – número quase quatro vezes menor do que hoje.
A Igreja e o tema da fome
O tema da fome foi abordado na Campanha de 1985. Dois grandes eventos marcaram a Igreja no Brasil em 1985: a realização do 11º congresso Eucarístico Nacional realizado em Aparecida (SP) e a Campanha da Fraternidade. Ambas as iniciativas receberam o mesmo lema “pão para quem tem fome”. Um dos grandes temas refletidos foi o cenário da fome apresentado como “um problema crucial”.
Na encíclica Fratelli Tutti, o Papa Francisco fala do escândalo da fome e chama o atual sistema de assassino: “As crises sociais, políticas e econômicas fazem morrer à fome milhões de crianças, já reduzidas a esqueletos humanos por causa da pobreza e da fome; reina um inaceitável silêncio internacional” (nº 29).
O Santo Padre adverte ainda que “a política mundial não pode deixar de colocar entre seus objetivos principais e irrenunciáveis o eliminar efetivamente a fome. Com efeito, quando a especulação financeira condiciona o preço dos alimentos, tratando-os como uma mercadora qualquer, milhões de pessoas sofrem e morrem de fome… a fome é criminosa e a alimentação é um direito inalienável”(nº 189).