Artigo: Simone de Jesus – Assistente Social da Ação Social Arquidiocesana
Instituído pelo Papa Francisco no dia 16 de novembro de 2016, o Dia Mundial dos Pobres passou a ser uma data de lembrança à toda Igreja da face Sagrada de Cristo refletida na imagem do pobre. Celebrado pela primeira vez em 2017 trouxe o tema, “Amamos, não com palavras, mas com obras lembra que nossa missão é orar, mas não basta “só orar”, o Papa no fez refletir que é preciso edificar a palavra, por meio de ações concretas de transformação social. Ele destacou ainda na mesma Campanha: o Pai Nosso é a oração dos pobres, mostrando sabiamente que é preciso estreitar os laços espirituais entre quem doa e quem recebe.
Completando em 14 de novembro de 2021, 5 anos de celebração sendo a quase dois períodos pandêmicos, a campanha faz alusão a mulher, descrita em Marcos 14, 3-10, que usa o perfume de 300 denários para banhar os pés de Cristo e abrange o tema “Sempre tereis pobres entre vós”. O Papa nos chama a ter um estilo de vida condizentes com nossa fé, nos pede um agir diferente do discípulo, que critica a mulher pelo uso do perfume nos pés de Jesus, nos chama a agir como a mulher: sensível. cuidadosa, envolvida com a causa, desprendida dos valores materiais e comprometida profundamente com a vida.
O mundo no cenário da Campanha do Dia Mundial dos Pobres 2021 assiste, quase atônito, as questões sociais se intensificarem por meio da recessão econômica, o fechamento de pequenos e grandes empreendimentos, as crises política e climáticas, a insegurança e o quase colapso de saúde pública. Segundo dados da Fundação Getúlio Vargas, no Brasil o número de pobres saltou de para mais de 9,5 milhões em agosto de 2020 para 27 milhões em fevereiro de 2021.
Todas essas demandas das questões sociais são a fonte inesgotável de suas expressões: baixa esperança de vida, doenças, carência de água potável, falta de saneamento básico, imigração, amplificação de discriminação contra grupos vulneráveis, aumento do consumo de entorpecentes, desemprego e fome.
Reconheçamos que o pobre não é pobre por escolha, ele é encurralado em situação de empobrecimento pelas questões sociais emergentes, durante todo o tempo de normalidade, questões não problematizadas e não enfrentadas pelos governos e sociedade. A pandemia só faz intensificar essa questão.
O Papa Francisco nos provoca “ninguém é tão pobre que não possa dar algo de si na reciprocidade. Os pobres não podem ser aqueles que apenas recebem; devem ser colocados em condição de poder dar, porque sabem bem como corresponder”. Reconhecer a face de Cristo no olhar dos empobrecidos da sociedade é também olhar seu potencial de mudar sua situação, de o reconhecer resiliente, de tocar a própria carne de Cristo e romper com as fronteiras existenciais.
O Dia Mundial dos Pobres celebrado pela Igreja do mundo é um dia de fortalecimento da espiritualidade por meio de ações. Ações que promovam a mesa estendida, onde todos percebem a valorosa e amorosa razão da vida, a olhar e ver o outro, em prática profunda de solidariedade que edifica e emancipa.
Leia a mensagem do Papa Francisco para o V Dia Mundial do Pobre: